segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

INCONSISTÊNCIA E VULGARIDADE.

Eu já estava finalizando um outro Post, mas resolvi parar e escrever este, pois esse fato ocorrido me chamou bastante atenção. Vou tentar relatar o mais próximo possível, porém terei que modificar algumas palavras, pois as verdadeiras são mais baixas e chulas possíveis.

Desde já, antecipo que não sou racista e não tenho nenhum tipo de preconceito contra qualquer raça (odeio esta palavra, parece que somos bichos) ou modo de agir das pessoas alheias.

Na sexta-feira passada, dia 08, recebi um pagamento em cheque de um cliente, pedir ao mesmo para não cruzar o cheque, pois eu iria saca-lo diretamente na agência bancária. O cliente, muito gente boa, não cruzou o cheque e ainda me ensinou onde era a agência dele. E então, após 30 minutos, cheguei a Caixa Econômica Federal das Mercês, que estava muito cheia, muito comum neste banco. A fila estava enorme, pessoas de todas as cores e tipos estavam lá, uns com cara feia, outros resmungando, outros no celular e muita conversa.

Peguei a senha e fui para o fim da fila, e logo após chegou outra pessoa atrás de mim, como sou muito detalhista e observador, percebi que ele estava todo de branco, será por que era sexta-feira? Sinceramente, não sei!

Após uns cinco minutos chegou outra pessoa, este merece uma descrição completa; Ele estava de tênis, da marca Nike, o mesmo era todo branco com detalhes em vermelho, a meia estava bem acima do normal, quase no meio da canela, a bermuda era branca com detalhes vermelhos e pretos e tinha um nome bem grande, se não me falha a memória, era da marca Nicobobo (acho que é isso),  e para ornamentar, tinha um chave de carro, com um chaveiro enorme, a camisa era amarela bem justa com uma estampa bem grande em cor preta, com o nome Maresia. Ele também estava usando um colar de prata enorme (conhecido como batidão), com a letra “R” em destaque. Todos os dedos das mãos tinham um anel, também todos de prata, na orelha tinha duas argolas, daquela de baiana de acarajé (enormes) e no supercílio um piercing e cobrindo a sua cabeça um boné bem branco, que estava de lado. Bem exótico o nosso amigo, mas isso é só o começo. Quando ele chegou ao fim da fila, logo ele reconheceu o amigo que estava atrás de mim (o todo de branco) e logo gritou;

- Colé brow, e aí rapa!!!

Neste momento ele estendeu a mão para o outro e raspou para lá e para cá e cerrou os punhos um no outro. E aí continuou:

- E aí, có foi que sumiu, ta lá na área ainda?

Mas o diálogo foi em voz alta, dava para todo mundo ouvir sem dificuldades.

O outro respondeu, falando mais baixo:

- To lá ainda pô, é que to construindo aí to saindo pouco.
- É, to ligado, sei como é que é. Cadê o carro, ta com aquele celta ainda?
- To não man, vendi para levantar logo o meu barraco.
- Ah, peguei um gol, lindão véi, botei um som di si f...
- Que ano é?
- 2007.
- E ano novo, passou aonde?
- P... véi, passei em Guarajuba, foi de si F... Dei um grau no carro, e desci pra lá, mulé pa P...
- Eu fiquei em casa mesmo, Duro, vou sair pra que?
- Cheguei na praça, cheia pra C... abrir a mala do carro e abrir o som todo, um barulho da P... Coloquei “O Troco” (Banda de pagode) e larguei lá.
- Foi mesmo véi?
- As piriguete não agüentaram vê parceiro, logo começaram a quebrar.
- Massa!
- Rapaz, quando ele cantou aquela música todo enfiado as mulheres não se agüentaram, tirei onda de barão, só bebi smirnoff Ice. Peguei mulé pa P...
- Si armou.
- Rapaz, mulheres não agüentam ver carro não parceiro, basta você chegar com um, você tira é onda, essas P... só querem andar de carro.
- To ligado!
- Rapaz, teve uma hora que tinha gente pa P... ao redor do carro, peguei um piriguete massa lá parceiro.

Neste momento, o celular do nosso amigo toca e ele atende:

- Prossiga. E aí gostosa, cadê você, P... Você sumiu. Passa lá em casa hoje. Então eu pego você aí. Ói, coloque aquela calcinha sacanagem viu! Depois eu levo você em casa. É niuma, valeu!

Lembro que este diálogo todo foi em voz alta, todo mundo ouvindo. Algumas pessoas davam risadas, outras torciam o nariz, mas o nosso amigo colorido parecia não se importar como as pessoas estavam o julgando.

Nosso amigo colorido continuou:

- Rapaz, to numa fase boa da P... To c... mulher todo dia, tava com uma gata agora parceiro, você precisa ver, 16 anos, toda linda.

Neste momento o caixa me chamou e eu me dirigir até ele, rapidamente saquei o cheque e os dois lá, prosseguiam com o seu diálogo.

Sair do banco pensando muito sobre aquela conversa, nunca vi tanta vulgaridade e inconsistência em tão poucos metros quadrados. Os serem humanos estão perdendo os seus valores. Isso me incomoda bastante. Aonde vamos chegar? Isso é resultado da falta de educação e cultura. Antigamente seguíamos a educação dos nossos pais. Hoje em dia, a educação é ditada pela mídia, e seus interesses em comum.

Gostaria de saber a opinião de vocês sobre esse diálogo super produtivo?

Abraços a todos!

3 comentários:

  1. Muito legal o relato... Só faltou ter ligado o celular e pelo menos gravado a conversa!!! Depois dá uma passado no shopping Salvador dia de sábado e veja a nossa juventude, os futuros adultos. As tribos como são chamados, Boné para trás não colocado até o final da cabeça, óculos "Ray Bon" branco e a linguagem característica. Abraços!

    ResponderExcluir
  2. Há tanto o que comentar sobre este fato, mas o espaço, infelismente, é pouco. Em síntese, não penso que as pessoas estejam dando menos importância aos valores morais. O que ocorre é que, para alguns grupos, esses valores nunca existiram e para outros, aqueles valores foram esmagados ou quebrados pela dominação dos interesses privados, que produziu uma cultura urbana desordenada, um Estado ineficiente e a dissipação de ensinamentos tradicionais, principalmente do candomblé, que sempre ensinou o respeito aos mais velhos e à natureza.

    ResponderExcluir